top of page

Nem todo jogo é pra todo mundo — e tá tudo bem

11/07/2025 por Cloud Strife



A diversidade de gêneros, propostas e estilos é um dos maiores trunfos da indústria de games. Ainda assim, é comum ver debates acalorados sobre o que é “bom de verdade” ou qual jogo “todo mundo deveria jogar”. Mas a verdade é mais simples: nem todo jogo precisa agradar a todos — e isso é saudável.


Existem experiências feitas para públicos específicos, com linguagens próprias e até ritmos que fogem do convencional. O que pode parecer arrastado, esquisito ou frustrante para uns, é exatamente o que encanta outros. O valor de uma obra não está em sua popularidade absoluta, mas no impacto que causa em quem se conecta com ela.


ree

Death Stranding e o valor da estranheza


Death Stranding é talvez o exemplo mais claro de uma experiência que divide opiniões. O jogo de Hideo Kojima propõe uma jornada introspectiva, centrada na ideia de reconexão e solidão. Para muitos, a travessia solitária, o ritmo lento e o simbolismo denso são qualidades únicas. Para outros, são barreiras intransponíveis.


A crítica polarizada na época do lançamento não tirou o mérito da obra. Pelo contrário: a existência de um público apaixonado pelo jogo é o que justifica sua continuação. Death Stranding 2: On the Beach reforça que, mesmo sem unanimidade, um jogo pode ser marcante, relevante e artisticamente corajoso.


ree

JRPGs, turnos e o tempo como escolha de design


Outro exemplo claro de gosto segmentado está nos RPGs japoneses baseados em turnos. Franquias como Persona, Dragon Quest e Shin Megami Tensei acumulam décadas de história e legiões de fãs. Mas seu ritmo deliberado e as interfaces densas frequentemente afastam jogadores acostumados com ação mais direta.


Para quem aprecia, essas escolhas oferecem controle tático, profundidade narrativa e uma construção gradual de personagens. Para quem não se identifica, a experiência parece burocrática. Nenhuma das reações está errada. São estilos distintos, feitos para públicos com diferentes expectativas — e que coexistem com riqueza.


ree

Souls-like e a beleza da frustração


Os jogos do gênero souls-like, popularizados por Dark Souls, Bloodborne e Elden Ring, também exemplificam esse fenômeno. A curva de aprendizado, os checkpoints escassos e os sistemas punitivos afastam uma parcela significativa dos jogadores. Mas para muitos, essa dificuldade representa superação e autodescoberta.


O sucesso desses títulos não vem do número absoluto de jogadores, mas da intensidade da conexão com sua comunidade. Fóruns, canais e eventos dedicados surgiram não porque todo mundo joga, mas porque quem joga sente algo muito forte. A força do nicho supera a necessidade de massificação.


As comunidades específicas também constroem o mercado


Viram o tanto de estúdios que foram fechados nos últimos dias? Há uma série de fatores por trás disso e não somos analistas renomados entender com clareza, mas nem todo estúdio quer fazer jogo, às vezes desenvolvedoras querem é lucro - não, isso não é uma indireta para nenhuma grande publisher do mercado (ou para Concord).


Não é errado querer lucro, mas ao menos seria importante lembrar o que move cada comunidade: emoções.


O fã de Yakuza vê uma experiência completa no meio de combates e da comédia. Quem curte Death Stranding se entrega de verdade na experiência com as trilhas sonoras capazes de causar muitos pensamentos quando inseridas nos momentos certos.

A galera do soulslike tem ficado um pouco "manchada" com a resistência aos modos easy chegando por aí, porém, não esqueçamos o quão famosos são os "Let Me Solo Her", de Elden Ring, e tantos outros, vistos como anjos e responsáveis por muitos não terem largado o controle.



Enfim, se um jogo não for para você, está tudo bem. Basta achar a sua galera. Caso não encontre e se junte ao coro dos "críticos", talvez outro hobby seja bem-vindo ao seu cotidiano.



 
 
 

3 comentários


Bruno Marques
Bruno Marques
11 de jul.

Quando você entende isso, não só para jogos, mas para vários âmbitos da vida é libertador! Você diminui aquela obrigação interna de fazer algo que todo mundo fala que é bom, mas você não entende o porquê. Como diria a minha e a sua mãe "você não é todo mundo"

Curtir

Juliana Bolzan
Juliana Bolzan
11 de jul.

Concordo e tá faltando esse bom senso na comunidade gamer. Se você não gosta de souls like é taxada de preguiçosa, burra, estúpida. Adjetivos que já ouvi de influenciadores por aí.

Curtir
Erick Fagundes
Erick Fagundes
11 de jul.
Respondendo a

Sempre sensata, Ju!!

Curtir
bottom of page