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A frieza na indústria de games e como a PlayStation está perdendo o brilho.

18/06/2025 por Cloud Strife


A marca segue forte no mercado, porém, tem perdido cada vez mais o que a fez ser gigante: a emoção.

logotipo da ps studios

Já não é de hoje que a indústria de games toma decisões tenebrosas. Jogos como serviço, cobranças por assinatura que nem sempre são tão benéficas assim como um todo e preços exorbitantes para se ter um videogame — principalmente em nosso país — esfriaram um sentimento que antes era fervoroso. E, infelizmente, a PlayStation tem grande culpa nisso.


Hoje vamos fazer uma viagem nostálgica e curta. Não conte com dados nem nada do tipo para mostrar um lado ou outro da história. Vamos falar puramente sobre videogames e sobre como uma das maiores marcas do mercado nos fez amar esse hobby desde pequenos. Mas que, com o passar dos anos, se fez refém do lucro e do hype.


A PlayStation é a malvadona?


Longe disso. Não estamos aqui para defender ou atacar a marca, que inclusive é uma das principais plataformas deste que vos escreve — em breve falaremos sobre Final Fantasy e Square Enix aqui no VLH. A PlayStation, ou como devemos chamá-la de maneira mais formal, Sony Interactive Entertainment, é uma empresa. Executivos, empresários, devs e seja lá o que for por trás das cortinas, trabalham com números. E, em meio a uma doentia guerra de consoles, esses montantes começaram a fazer mais sentido do que os jogos? O que está acontecendo?


executivos da sony

PlayStation começou ganhando nosso coração com o melhor: a diversão.


A era do PS1 talvez não tenha sido tão marcante para muitos de vocês que estão lendo. Talvez um Master System, um Nintendo ou até mesmo um Game Boy Advance tenham te acompanhado por mais tempo, mas a PlayStation estava lá. Jogos em CD, desbloqueio e fácil acesso — literalmente um “olha pra mim, hein” — mas faltava algo. Chegamos ao PS2 e muitos sucessos tomaram conta das nossas conversas com os amigos nas lan houses. Tinha quem gostasse de Prince of Persia, havia o público que pagava para jogar uma hora de um single-player e disputar um espaço no memory card (que o bairro inteiro usava) e a tropinha do Bomba Patch — que animou muitos campeonatos.

Quem tinha o console em casa podia passar ainda mais tempo imerso em grandes aventuras. Final Fantasy X e Final Fantasy XII que o digam. Mas ali começava a se formar uma geração que via isso como diversão. Sinônimo de juntar os amigos.


A PlayStation, marca japonesa, nos trazia o sentimento de laços criados: 結び (musubi), que além de significar união, refere-se ao poder espiritual que cria, desenvolve e completa. Só que, aos poucos, esse laço foi se afrouxando.


jogo bomba patch

A era do multiplayer online.


Chegou o PS3, a PSN, o PlayStation Plus. Ainda era divertido ligar na call com seus amigos e jogar Call of Duty, FIFA, Fat Princess e outros diversos games online que chamavam a atenção. Aquele sentimento da lan house ainda vivia, meio tímido, mas já limitado a quem ainda tinha tempo e dinheiro para investir no videogame.

Dali, o universo online começou a nos trazer várias tendências — boas e ruins — que perduram até os dias atuais na indústria.


Bem-vindos ao PS4 e o primeiro baque: sem assinatura, você não joga online e nem se comunica com os seus amigos. Tudo bem ficar sem jogar online. Afinal, a geração do PS4 foi longe e nos entregou muitos single-players de peso. Esses single-players, inclusive, podem ter sido o motivo de você escolher conhecer a plataforma.


ps plus

God of War 3 marcou o PS3, God of War (2018) o consolidou... o que viria depois?


The Last of Us chegou causando no PS3, mesmo dividindo holofotes com GTA V. Depois, The Last of Us Parte 2 provocou diversas emoções. E agora?

Chegamos ao Japão com Ghost of Tsushima, aos enfrentamentos das hordas em Days Gone — que teve seu brilho, mesmo em um mundo lotado de conteúdos sobre zumbis. Bloodborne, então, nem se fala — tem viúvas até hoje.

O que viria depois? E agora?


capa do jogo ghost of tsushima


O PlayStation 5. O distanciamento: a PlayStation ficou cinza.


A geração atual está manchada pelo hype. Não fomos nós que criamos expectativas — a PlayStation já apresentava isso. The Last of Us Part 2, God of War (2018) e até mesmo Death Stranding — que nem é da casa — criaram uma comunidade que vive aguardando por mais sucessos como esses o tempo todo.

Mal acostumados? Não. Eles experimentaram o brilho de uma companhia que talvez não volte mais. Não faz muito tempo que a revelação de detalhes de Ghost of Yotei foi feita em um mero

post no PlayStation Blog. Meses atrás, vários estúdios sofreram com decisões puramente focadas no lucro, em prol de uma maior variedade de obtenção de receitas — os famosos live services. PlayStation Experience? Mais fácil um PlayStation Showcase a cada três anos. State of Play? Não espere o símbolo da PlayStation Studios tão cedo dentro do próprio evento da Sony Interactive Entertainment. Talvez The Last of Us Parte 3 venha com um mero post no Twitter. Vai gerar hype, mas é passageiro — e teremos de esperar cinco anos para vê-lo.


Aí é que fica a grande pergunta: como você consegue manter tantos consumidores fiéis, que foram cativados pelo seu grande potencial em contar histórias, a aceitar pagar anualmente R$ 360 para ter saves na nuvem? O que vão usar de lenha para as intermináveis (e detestáveis) console wars? Falas de executivos. “Temos confiança nas nossas IPs”, diz Hermen Hulst. E por que The Last of Us Factions foi cancelado, se era aguardado por milhões, e Marathon — que acaba de ser adiado — tem mais importância? Em uma pesquisa recente com mais de 6 mil internautas no Push Square, o game não teve nem 20 votos.

Como assim a Bend Studio estava fazendo um live service e agora está “perdida”, buscando seu próximo projeto? Days Gone 2? A própria Bend negou anos atrás. Vai cobrir o tempo perdido agora?


Depois de uma marca nos unir no PS2, fortalecer no PS3 e nos emocionar no PS4, estamos vivendo a era do tweet rápido e sem sentido. Vazio. Ausente na BGS. Ausente na Gamescom Latam. Um aumento surpresa em Ghost of Yotei que ainda nem atingiu o restante do mundo...


imagem do jogo marathon

PlayStation, cadê você?


Os jogos continuam incríveis, não dá para negar. God of War Ragnarok, Forbidden West, Spider-Man 2 e muitos outros provaram que vale a pena ter um PS5. Astro Bot foi a coisa mais Nintendo que podíamos receber. Afinal, é puro gameplay e criatividade — e que bom ter vindo em 2024. Senão, cadê a PS Studios? E sejamos sinceros: é legal ver todo mundo jogando God of War e Spider-Man fora dos consoles PlayStation? Para muitos fãs, talvez não. Mas o foco — assim como a proximidade com você — não é mais o mesmo: a ordem é lucrar.

Ports para PC podem gerar algumas vendas a mais, sustentar os futuros projetos que agora duram mais de sete anos e evitar desmantelamentos de equipes. Mas vale a pena a sua capa de Ghost of Tsushima de 2018 perder o selo “Exclusivo PlayStation”? A Sony Interactive Entertainment quer é o seu dinheiro. Nunca se iluda com isso.


arte do jogo astrobot

A PlayStation vive, mas não é mais a mesma.


Intergalactic: The Heretic Prophet e Wolverine estão a caminho. Ainda tem magia, ainda tem fogo, ainda tem gameplay, ainda tem videogame. Mas não dá mais para vivermos em um marasmo onde nada é comunicado aos seus consumidores e amantes da marca.


Muitos podem dizer que a PlayStation não escuta seu público, mas, recentemente, os executivos foram bem diretos: há margem para aumentar o preço do PS Plus porque os jogadores estão pagando pelos níveis mais caros. Tem clientela. A plataforma atinge lucros recordes e já é a mais rentável frente às demais.


Aquela união que citamos acima? Existe. Mas o videogame virou um hobby caro — até fora do lado azul. As lan houses não voltam. O Bomba Patch, muito menos. A era de jogar online sem pagar? Saudades.

O que nos prende ao PS5? Já passamos da metade da geração e Santa Monica, Guerrilla, Naughty Dog, Insomniac Games (uma das que mais alimentou o console) e muitas outras ainda estão cozinhando. O molho? Está nas mãos da PlayStation.


Mas é ela quem decide se nos entregará outro Astro Bot ou um esquecível Concord. Não é sobre single-player ou jogo como serviço. É sobre manter a chama da paixão acesa. Não é certo ligarmos qualquer console que seja e pensarmos nos executivos antes dos jogos, nos números de vendas antes da experiência — e muito menos nos pixels antes do

gameplay.


Torcemos para nos emocionar mais uma vez como quando Kratos pegou as lâminas do caos para salvar Atreus. Que fiquemos em dúvida se vale a pena ou não dar a um samurai o respeitado destino. E precisamos de mais jogos capazes de gerar discussões e adaptações por anos. Vamos viver em “Estado Play” de novo?


arte do jogo god of war


3 comentários


Arthur Maboni
Arthur Maboni
21 de jun.

Enquanto fazia essa leitura recebi mais um email da PS Plus com aumento de anualidade kkkkk

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Bruno Marques
Bruno Marques
20 de jun.

Que artigo! Como fã da marca, doeu ler essas palavras, mas também me deu esperanças da Sony acordar pra vida e voltar a fazer o que sabe fazer de melhor: experiências inesquecíveis.

Pois foi assim que o logo da PlayStation sempre esteve no meu lar. Agora? A Steam anda tomando mais do meu tempo enquanto meu PS5 pega pó esperando pelo próximo exclusivo.


- Alô Death Stranding e Yotei, obrigado por me dar um motivo para limpar o meu video game!

Editado
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Juliana Bolzan
Juliana Bolzan
18 de jun.

Entregou tudo que a Playstation não tá entregando.

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